sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Geloso, o Gelinho


(aprendendo o ciclo da água)
Quando chove na floresta é um corre corre danado.
A bicharada procura abrigo em qualquer lugar...
Os macacos entram nas tocas, nos buracos mais próximos, ou se escondem sob a copa das árvores.
Os bichos miudinhos correm para debaixo das folhas ou cogumelos, pois os pingos da chuva podem ser um perigo!
- Cuidado com esse pingo, Seu Besouro! – berrou Dona Formiguinha.
- Que pin...?- Seu Besouro não pode completar a palavra. PLAFT! O aviso chegou tarde demais. O pingo se esborrachou na carcaça do coitado que, além de beber água, rolou ribanceira abaixo.
- Seu Besouro, aonde o senhor foi parar?- gritou Dona Formiguinha toda aflita.
- Seu Besooouroo, onde está o senhoooooor? Está machucaaadoo?
Silêncio total.
Dona Formiguinha já estava ficando preocupada, quando ouviu um barulhinho.
- Parece um choro. Pobrezinho do Senhor Besouro... Ele deve ter se machucado pra valer.
Dona Formiguinha foi em direção ao choro, até que encontrou o infeliz, todo encharcado, caído no chão.
- Seu Besouro, o senhor está muito ferido?
- Que nada! – respondeu ele. - foi só um susto!
- Só um susto! Então por que estava chorando?
- Eu chorando?
- Sim, o senhor, é claro!
- Dona Formiguinha - respondeu Seu Besouro irritado-, por acaso eu tenho cara de bebê chorão?
- Cara não tem, mas que chorou, chorou!
- Não chorei!
- Chorou!
‑Não chorei!
A discussão já estava pegando fogo quando...
- Espere Seu Besouro, escute isso...
- É, tem alguém chorando - cochichou Seu Besouro.
- Então não era mesmo o senhor!
- Viu? Não falei? Não falei? – respondeu Seu Besouro todo alegre.
- Então vamos ver de onde este choro está vindo. Mais que depressa os dois foram em direção ao choramingo. Era um chorinho fino e sentido.
- Está vindo daquele lado, de perto daquele arbusto - disse Dona Formiguinha toda agitada, já correndo para lá.
Chegando ao lugar apontado, eles olharam, olharam..
- Está vendo alguma coisa?
- Eu não, e a senhora?
Mas o choramingo continuava, cada vez mais forte. Seu Besouro ajeitou melhor suas anteninhas e falou:
- É por ali. Dona Formiguinha, bem de perto daquelas flores.
Olharam para um lado, nada. Olharam de outro, nada também.
E o choramingo continuava...
De repente. Seu besouro gritou:
- Olhe ali, debaixo daquela flor!
Para espanto dos dois, lá se encontrava um gelinho, derrubando suas lágrimas geladas.
- Quem é você? – quis saber Seu Besouro.
- Porque está chorando? – perguntou Dona formiguinha.
E o gelinho, enxugando uma lágrima, contou sua história:
- Eu me chamo Geloso e caí na terra por engano.
- Por engano? Não estou entendendo! – exclamou Dona Formiguinha. – você não é um gelinho de chuva?
- Sim, mas eu só deveria cair quando chovesse granizo.
- É verdade, hoje não está chovendo granizo! – concordou Dona Formiguinha.
Seu besouro, que não tinha lá muito estudo, fez uma cara de quem não tinha entendido nada e perguntou:
- O que é granizo, Dona Formiguinha? É uma chuva de grão?
Contendo o riso, ela explicou:
- Granizo é uma gota de chuva que se transforma em gelo ao atravessar uma camada de ar frio lá no céu, entendeu?
- Ah, sim, sim... Eu já sabia, só queria ter certeza. Dona formiguinha fingiu que não ouviu, e pediu para o gelinho continuar sua história.
- Pois é- continuou o gelinho - eu estava numa nuvem baixa, vendo a chuva cair, quando um pingo de água bem grandão bateu em mim.
- Já sei! Você escorregou e caiu junto com a chuva!- completou Dona Formiguinha.
- É isso mesmo- disse o gelinho- agora eu quero voltar pra minha nuvem, mas não sei como!
- Por que não pega um ônibus? – disparou Seu Besouro.
- Quer parar de dizer bobagens?- bravejou Dona Formiguinha. – onde já se viu pegar um ônibus para ir até as nuvens!
Seu Besouro, meio envergonhado, deu um sorriso sem grassa e resolveu ficar quieto.
Mas o problema continuava. O gelinho precisava voltar...
Descer era fácil, mas subir era bem diferente. As nuvens ficavam muito lá no alto. Pobre gelinho, sozinho na terra, sem ninguém, abandonado.
A chuva não durou muito, o céu já estava azul e límpido.
Dona formiguinha, depois de muito pensar, teve uma idéia, faria uma reunião com todos os bichos, bichinhos e bichões da floresta. Quem sabe alguém teria uma solução!
Seu Beija-Flor, que era o mais rápido, iria avisar a todos.
Instantes depois, toda a bicharada já estava reunida numa clareira. Seu Tatu, Dona Tartaruga, Dona Onça, Seu Sabiá, Dona Borboleta e até seu Bicho-Preguiça, que vivia dormindo pendurado numa árvore. Dona Formiguinha, de cima de um galho, explicou toda a situação, tintim por tintim:
- E então, alguém tem uma idéia?
Eu tenho - disse Dona Borboleta. – O geloso senta em minhas costas e eu o levo até lá.
- Hum... Hum... - resmungou Dona Formiguinha, coçando o queixo. –por que não? Talvez isso dê resulado.
Então, Dona Borboleta se abaixou, Geloso montou em suas costas e gritou:
- Tchau pessoal, aqui vou eu. Obrigado por tudo!
Dona Borboleta não tinha ainda voado muito, quando algo aconteceu... Ela começou a espernear:
- Ai, hei credo! Você é muito gelado Geloso, e eu estou ficando dura de frio!
- Por favor, Dona Borboleta, agüenta mais um pouco. Não falta muito! – gritou Geloso apavorado.
- Ai, ui! Não agüento, não! – berrava a pobre Borboleta esperneando.
Tanto que não deu outra... Geloso despencou lá de cima. A decepção foi geral. E agora, como iriam fazer?
Foi aí que eles se lembraram de seu Curupaco, o papagaio. Ele tem muitas penas, e não vai sentir o frio do gelinho.
Assim, depois de tudo acertado...
- Tchau pessoal, aqui vou eu. Obrigado por tudo!- gritou Geloso, já montando nas costas do papagaio.
Levantaram vôo e subiram, subiram, subiram... Mas seu Curupaco não sabia que as nuvens ficavam tão no alto.
- Uf! Uf! Não agüento mais. Ainda falta muito?
- Falta sim- disse Geloso, - falta bastante.
- Uf! Uf, não vai dar, não vai dar...
E seu Curupaco também despencou lá de cima, com Geloso agarrado a suas penas.
- É, acho q não tem jeito mesmo. Vou acabar derretendo sem conseguir voltar pra casa - choramingou o pobre gelinho.
- Você disse derretendo? Pois é isso mesmo - gritou Dona Formiguinha. – por que não pensei nisso antes?
E, toda afobada, foi dando ordens ao pessoal...
- Seu Tatu, me traz uma panela. Seu Macaco me arranje um fósforo. Dona Coruja, por favor, quero gravetos e folhas secas.
Pouco tempo depois, o material pedido estava todo ali...
Dona Formiguinha começou a acender o fogo debaixo da panela. Ninguém estava entendendo nada.
-Isso lá é hora de cozinhar?- dizia um.
- Dona Formiguinha pirou - dizia outro.
Mas o espanto foi maior quando ela disse:
- Pule na panela, Geloso.
- O QUÊ? – gritaram todos ao mesmo tempo.
- Mas aí eu derreto todinho – choramingou Geloso.
- Eu explico - e Dona Formiguinha cochichou alguma coisa no ouvido do Geloso. Imediatamente ele pulou na panela.
- Que maldade, Dona Formiguinha, isso não é coisa que se faça!
- Onde já se viu?
Mas Dona Formiguinha, muito sábia, explicou:
- Vocês não sabem de nada mesmo! Não estudam... O gelo derretido se transforma em água. A água fervendo se transforma em vapor. O vapor da água sobe e vai juntar-se as nuvens...
- Ah, já entendi – gritou Seu Besouro que não tinha esquecido a explicação da dona formiguinha- aí, quando chover, o Geloso passa por uma camada de ar frio e vira gelo outra vez. - completou com ar vitorioso.
Todos se entreolharam boquiabertos.
-Puxa vida! E foi assim que Geloso subiu para as nuvens, sorrindo todo feliz para os bichos da floresta, e prometendo voltar quando chovesse granizo.




Patricia Demarchi

Um comentário:

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